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Por Alena Viana 07 fev., 2024
Em 2007, Luísa Pinho Sartori ingressou na graduação em Ecologia ofertada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Comprometida com a causa ambiental, não demorou para se envolver com atividades acadêmicas que pudessem fortalecer e amplificar seus ideais. Não à toa, ela logo manifestou interesse em participar da organização da BioSemana — nome popular da Semana Acadêmica de Biologia da instituição. Para dar continuidade aos planos de Luísa, em 2010, sua família decidiu patrocinar a palestra de abertura do evento, realizada anualmente. Desde 2015, o Instituto Luísa Pinho Sartori assume oficialmente essa responsabilidade, passando a viabilizar a difusão de conhecimento sobre temas relacionados à luta pela conservação ambiental . Organizada pelos alunos, a Semana Acadêmica é considerada a maior conferência da programação do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFRJ, angariando centenas de inscrições todos os anos. Conheça a BioSemana A primeira edição da BioSemana aconteceu em 1996, fruto do esforço e seriedade de graduandos e pós-graduandos de Ciências Biológicas. A espinha dorsal da iniciativa é, desde o princípio, o desejo de promover trocas e conexões entre estudantes e pesquisadores da área. Hoje, 28 anos depois de sua criação, o evento cresceu e diversificou suas atividades. Atualmente, o cronograma conta com palestras, debates, painéis expositivos, mesas-redondas e oficinas. Como parte do calendário oficial do Instituto de Biologia e seguindo os pilares da pesquisa e extensão da universidade pública, a programação costuma ser totalmente gratuita e aberta à comunidade, com algumas aulas especiais oferecidas a preço de custo. Assim, a BioSemana assume o papel de uma oportunidade valiosa para popularizar os debates sobre a conservação do Meio Ambiente , levando discussões importantes sobre o futuro do planeta para muito além dos muros de instituições de ensino superior. Além do evento principal, também há a Pré-BioSemana, que oferece circuitos de minicursos com temas como técnicas de cultivo, combate a epidemias, sustentabilidade, ecologia e escrita científica para quem deseja redigir artigos vinculados a pesquisas acadêmicas. Palestra Luísa Pinho Sartori O patrocínio oferecido pelo ILPS é destinado à palestra de abertura da BioSemana. Os recursos destinados à ação são provenientes das doações feitas ao Instituto . Como homenagem, a atividade leva o nome de Luísa. A escolha dos palestrantes é sempre alinhada ao grande propósito que Luísa abraçou ao longo de sua vida. São convidados conservacionistas que estão à frente de trabalhos relevantes para a preservação ambiental. A ideia é que esses pesquisadores e ativistas inspirem jovens a se engajarem na proteção ao meio ambiente. Alguns dos convidados que já estiveram à frente da Palestra Luísa Pinho Sartori são: Dr. Carl Jones, fundador da Mauritian Wildlife Foundation, ONG que trabalha pela conservação da fauna e flora na África Oriental; Dra. Neiva Guedes, cujo trabalho pela conservação da arara-azul recebeu diversos prêmios ao redor do mundo; Dr. Ignacio Jiménez, biólogo espanhol que trabalha com Produção de Natureza no Pantanal. Você pode acompanhar as atualizações sobre a BioSemana no Instagram oficial da Semana Acadêmica . A edição de 2024 já está confirmada, embora ainda não tenha data definida.
22 jan., 2024
Prêmio Luísa Pinho Sartori de Biologia reconhece trabalhos pela conservação ambiental
a bear is sitting on a tree branch looking at the camera
Por Dr Marcelo Rheingantz - UFRJ 12 dez., 2023
As iraras estão de volta a este trecho da Mata Atlântica, graças aos esforços de restauração florestal e a conexão entre fragmentos florestais através de corredores ecológicos.
Restauração da floresta
Por Dr Fernando Fernandez 02 out., 2023
A importância das cutias na restauração da floresta, devido a serem dispersoras de sementes grandes. Cutias filmadas em trecho restaurado da Mata Atlântica.
Por Fabio ILPS 29 ago., 2023
Dr Carl Jones, renomado conservacionista cujo trabalho salvou da extinção várias espécies fez a palestra de abertura da XXVII Biosemana na UFRJ, patrocinado pelo Instituto Luísa Pinho Sartori.
Com floresta e sem floresta
Por Fabio ILPS 08 ago., 2023
Filmagens de animais silvestres em área de Mata Atlântica após processo de restauração florestal. Restaurando a vegetação, que proporciona abrigo e alimento, os animais retornam, e os habitats podem retomar suas funções ecológicas.
Por Maria Luiza de Oliveira Castro 27 jun., 2023
Veiculada no site do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima em 23/06/23, a notícia de concessão florestal de três Flonas da Mata Atlântica tem seu merecido destaque. O objetivo principal é a restauração de ambientes degradados durante os 35 anos de concessão, podendo resultar na obtenção de créditos de carbono. Até então, o Serviço Florestal Brasileiro só havia realizado concessões para manejo sustentável em florestas nativas na Amazônia. Cabe aqui um pequeno parênteses: Flonas, ou melhor, florestas nacionais, são Unidades de Conservação de uso sustentável com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas, que tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas. A previsão desse tipo de área natural protegida remete ao Código Florestal de 1934. No primeiro post, discorri sobre curiosidades das UCs e abordei a primeira área natural protegida do Brasil, que coincidentemente é hoje uma Flona. As três Flonas em licitação são da região Sul do país: Flona de Irati, no Paraná, e de Chapecó e Três Barras, em Santa Catarina. No zoneamento ambiental das Flonas, há Unidades de Manejo Florestal, classificadas como zona de manejo florestal ou zona de recuperação florestal. Nessas áreas, são esperadas as seguintes atividades econômicas: • produtos madeireiros – supressão vegetal para obtenção de toras de madeiras • produtos não madeireiros - produtos florestais não lenhosos, incluindo folhas, raízes, cascas, frutos, sementes, exsudados, gomas, óleos, látex e resinas de espécies arbóreas ou arbustivas; • créditos de carbono – exploração sujeita a regulamentação a ser estabelecida; • outros serviços – como capacitação em atividades florestais (vedado o turismo). Ao todo, as unidades de manejo florestal nessas três Flonas somam 6.843,43 hectares. De acordo com o edital da licitação, a ideia é substituir plantios de espécies exóticas por plantios de florestas de espécies nativas, de forma a ampliar os conhecimentos sobre o cultivo destas espécies e a recuperar a vegetação nativa. Em plantios já instalados de araucária será permitida a colheita parcial das árvores até que se atinja uma condição ambiental similar à ocorrência desta espécie na floresta nativa, criando-se um ambiente favorável à instalação de outras espécies na Mata Atlântica. No dia em que foi lançado o edital para concessão das três Flonas do Sul do país, foi também assinado o contrato de concessão da Flona do Humaitá, com 38 hectares, localizado na região amazônica. O Brasil já conta com mais de 1,3 milhão hectares concedidos em Flonas e há a expectativa de que no final de 2024 seja atingida a marca de 3 milhões de hectares concedidos. Ambição ousada que requer muito planejamento e organização por parte do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, em sinergia com a Casa Civil, já que as concessões fazem parte do Programa de Parcerias de Investimentos, mediante o de acordo do Tribunal de Contas da União quanto às propostas de editais. Importante dizer que a fiscalização do manejo florestal e de todas as atividades incidentes na área concedida permanece a cargo do ICMBio. Dentre os usos pretendidos, o crédito de carbono requer regulamentação específica, respeitando-se critérios como adicionalidade, em que as reduções de emissões não ocorreriam sem o desenvolvimento do projeto associado, e permanência, que determina que a remoção de CO2 deve ter sua permanência garantida. O crédito de carbono é um importante instrumento para mitigação do impacto de contribuição para o efeito estufa, além de todos os co-benefícios da restauração de biomas e o Brasil tem um potencial enorme para assumir o protagonismo do mercado de carbono. Vou ficando por aqui...Escrever no blog do Instituto Luisa é uma grande honra para mim. Espero que estejam gostando. Não deixem de acompanhar as próximas postagens! 😉
Por Maria Luiza de Oliveira Castro 14 jun., 2023
São apresentados fatos interessantes sobre as Unidades de Conservação do meio ambiente no Brasil.
09 jun., 2023
Com o tema Combata a poluição plástica , o dia mundial do meio ambiente de 2023 busca alertar para os efeitos que o plástico tem exercido sobre os ecossistemas urbanos e naturais. O plástico revolucionou a composição dos resíduos sólidos de maneira expressiva. Ao ser inserido nas residências e na indústria modificou e ampliou a maneira de consumir da sociedade. Diferente da maioria dos resíduos sólidos urbanos, o plástico está presente no nosso dia a dia há pouco mais de 160 anos. Desde o início de sua produção, em 1850, teve rápida expansão, entretanto, sua consolidação se deu após a segunda guerra mundial. Sua capacidade de ser ao mesmo tempo leve e resistente, vem suprindo necessidades do ser humano e permite avanços tecnológicos, facilidade de logística, asseio e higiene. Os meios de transporte como, por exemplo, automóveis e aviões, ficaram muito mais leves e, assim, passaram a ter um custo de fabricação e manutenção mais acessível aliado ao melhor rendimento, auxiliando sua rápida difusão, tal como seu uso em ambientes hospitalares, facilitando acesso a veias de pacientes, modernizando a aplicação de vacinas, entre outros usos que os materiais plásticos possuem. A breve história do plástico em nossa sociedade não é marcada apenas por transformações positivas. As embalagens de papel, vidro e pano, materiais com reciclagem e reaproveitamento mais fáceis, foram substituídas por embalagens plásticas de difícil decomposição natural. Se, por um lado o uso do plástico permitiu maior higiene e menor proliferação de microrganismos, por outro ampliou a velocidade da descartabilidade, característica marcante da sociedade de consumo atual. A sociedade humana produz todos os anos cerca de 400 milhões de toneladas de plástico. A descartabilidade faz com que metade desse quantitativo seja usada apenas uma vez. Desse montante, menos de 10% é reciclado. Anualmente os estudos demonstram que 19 a 23 milhões de toneladas acabem em lagos, rios e mares. O plástico avoluma nossos aterros sanitários, se acumula no oceano sendo também transformado em fumaça tóxica, o que o torna uma das maiores ameaças ao planeta. Existem vários estudos que relatam a quantidade de lixo no oceano pacífico que mostram que os detritos podem chegar a 100 milhões de toneladas e que grande parte é devido a sacolas e embalagens plásticas. Em todos os oceanos esse quantitativo ultrapassa 171 trilhões de partículas plásticas que, reunidas, podem pesar mais de 2,3 milhões de toneladas, segundo estudo que analisou dados de 1979 até 2019, publicado em março deste ano. O plástico jogado por toda a população mundial representa, sem dúvida, a maior quantidade de material flutuante nos oceanos, e as correntes marinhas facilitam o encontro destes em alguns pontos. Em um estudo publicado em 2013, estimou-se que a concentração média de plásticos nos oceanos é de 8966,3 peças por Km2 e foi demonstrado que os níveis de contaminação por plástico nas águas de superfície da Austrália são similares àqueles no Mar do Caribe e do Golfo do Maine, mas consideravelmente menor do que os encontrados nos mares subtropicais e Mar Mediterrâneo. Infelizmente já não são raras as cenas de animais mortos por ingestão de sacolas plásticas e outros produtos plásticos descartados de forma irregular nos ecossistemas aquáticos. A difícil e demorada decomposição dos plásticos faz surgir outro perigo: os microplásticos, pequeninos pedaços plásticos de menos de 5 milímetros. Microplásticos têm o potencial de afetar organismos desde megafauna a pequenos peixes e zooplâncton e seres humanos. Pesquisadores da Universidade Stanford publicaram um estudo em novembro do ano passado mostrando que baleias azuis engolem 10 milhões de microplásticos por dia através da sua alimentação. Ou seja, essas substâncias estão se acumulando ao longo da cadeia alimentar e causando prejuízos a biodiversidade aquática e, consequentemente a produtividade dos nossos ecossistemas. Nos humanos, estudos em diversas partes do mundo mostram que os microplásticos já estão presentes no sangue e outras partes do corpo como epitélio pulmonar. Estudos iniciais realizados na Universidade de São Paulo (USP) já apontam que microplásticos advindos do nylon prejudicam o desenvolvimento de células pulmonares comprometendo a defesa das vias áreas respiratórias. Há ainda estudos que microplásticos em andamento para investigar a ação dessas substâncias como compostos desreguladores endócrinos (CPE), isto é, que prejudicam o funcionamento dos hormônios em nosso organismo, sobretudo por conta de cosméticos e plásticos. É nesse alarmante cenário que o Dia Mundial do Meio Ambiente traz o combate à poluição plástica como tema central para o ano de 2023. É necessário engajamento real de governos, empresas e sociedade civil com políticas públicas locais, nacionais e globais para reverter este processo, que descortina como o metabolismo industrial humano está absolutamente deficitário. É o caminho apontado pelo Relatório apresentado em maio de 2023 pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA): reduzir em 80% a poluição plástica até 2040. Com metas concretas que visam o mercado e sua a forma de produção, “Fechando a torneira: como o mundo pode acabar com a poluição plástica e criar uma economia circular”, traz um roteiro a ser seguido por governos e empresas para promover políticas de reutilização que assegurem sua constância na cadeia produtiva, remover os subsídios a combustíveis fósseis, criar designs que ampliem o poder de reciclabilidade de plásticos em 50%. O PNUMA ainda aponta políticas para a necessária substituição de plásticos por outros materiais como papel e compostáveis. O cenário está posto. Conhecimento, tecnologia e inventividade nos trouxeram até aqui, com os frutos positivos e negativos e as alegrias e dores desse processo. Rever nosso metabolismo industrial, repensar nossas escolhas como sociedade e agir coletivamente por um objetivo é, talvez, o grande desafio dos próximos anos para identificarmos qual caminho deixaremos para as futuras gerações e para o planeta Terra, o lugar em que vivemos e o único em que podemos viver. Que o dia 05 de junho reverbere em nós , cotidianamente, o mais belo, natural e humano que há. Texto: Marcelo Côrtes Silva Doutor em História das Ciências, das Técnicas e Epistemologia - UFRJ Docente do Colégio de Aplicação da UFRJ Apoiador e entusiasta das ações do ILPS
13 abr., 2023
Texto: Rodrigo Tardin (Diretor Científico do Instituto Luísa e Professor da UFRJ) Você já ouviu falar sobre as baleias-Jubarte? Você já as viu alguma vez na natureza? Se você respondeu sim, para qualquer uma das duas perguntas, você sabe quão magníficas são esses animais. Se você respondeu não, não sabe o que está perdendo. De qualquer modo, fica mais um pouco por aqui e vamos entrar nesse mundo maravilhoso das baleias-Jubarte e como elas tem se recuperado aqui no Brasil. As baleias-jubarte são animais fantásticos! São mamíferos marinhos e por isso respiram o oxigênio atmosférico, assim como eu e você. São animais grandes e pesados, podendo chegar até os 18 metros e pesar 30 toneladas. Para você ter uma noção melhor, isso é o equivalente a um prédio de 6 andares! Por serem mamíferos, a relação das fêmeas com o filhote é muito importante e quando grávidas podem demorar até 11 meses para ter o seu filhote. São animais migratórios, ou seja, passam uma parte do ano na área de alimentação durante o verão (em geral nas regiões próximas à Antártica ou ao Ártico) e outra na área de reprodução durante o inverno (em geral nas regiões tropicais). Entretanto, apesar de maravilhosas, as baleias-Jubarte, assim como a maior parte das baleias no mundo, foram caçadas de forma insustentável por séculos. Essa caça, iniciada em baixa proporção no século XV, atingiu escala industrial no século XIX e levou muitas espécies a uma situação de quase colapso. Claro, não foi diferente para as baleias-Jubarte aqui no Brasil. Estimativas realizadas recentemente indicaram que entre 11 a 32mil baleias-Jubarte foram caçadas na nossa costa em menos de 100 anos1. Se pensarmos que essas baleias podem demorar mais que 5 anos para atingir maturidade sexual e ter filhotes em intervalos maiores que 3 anos, essa mortalidade pode levar uma população rapidamente a um declínio insustentável. Entretanto, depois de uma longa discussão e criação de mecanismos legais, em 1985 a caça foi proibida e as baleias agora tinham uma oportunidade de se recuperar. Em cerca de 35 anos de proibição da caça, uma das maiores fontes de morte dessa espécie no mundo, o jogo virou. Estudos publicados na última década tem mostrado um crescimento constante e positivo das baleias-Jubarte no Brasil e a ultima estimativa2 aponta que o stock das baleias-Jubarte que se alimentam ao redor das Ilhas Sadwich do Sul, no polo sul e se reproduzem na costa Brasileira, está em cerca de 93% do tamanho da população antes da caça. Isso contabiliza, ao total, cerca de 24mil baleias-Jubarte que vêm ao Brasil se reproduzir. Isso mostra pra gente que as nossas ações podem sim ter um impacto positivo e concreto na proteção das espécies e dos ecossistemas naturais. Que vale a pena a gente continuar se esforçando, diariamente, para sermos mais sustentáveis e agirmos para impedir o avanço desenfreado das atividades humanas poluidoras, que promovem a perda da biodiversidade e multiplicam o efeito das mudanças climáticas globais. Ainda tem jeito e nós somos os responsáveis por mudar essa história!
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